domingo, 26 de dezembro de 2010

Suspiro de vez em quando

vou a Luanda por sonhos

mas preciso estar sempre despertando do sonho

antes de acabar.

Desperto pra poder voar com os olhos abertos

e achar o caminho

acertar o alvo e

me lançar em teu corpo

,repousar em teu peito e

em teus braços sorrir,amar,dormir,sonhar...

(Andressa e Dine)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O rebanho vai seguindo a voz da televisão,muitas outras orientações seguimos,vamos pelo rastro e opiniões de nossos amigos e até anônimos ,mesmo não sabendo exatamente onde este caminho levará.O fato é que ninguém quer ficar para trás,não se cogita ficar fora de um grupo social e sofrer coerções por não estar inserido em um padrão.Uma parcela considerável opta por se formatar através dos veículos de massa.Para cada um que está andando em círculos neste labirinto surge uma sensação de estabilidade,normalidade – Estou seguro,faço parte de uma estrutura,possuo identidade e sou reconhecida em um grupo.

O que há por trás do véu,quais problemas estão sendo varridos pra debaixo do tapete?

No século XIX com o avanço das ideias democráticas,o monopólio da cultura foi abalado graças a abertura da educação para as camadas da sociedade.Os privilégios da elite ao acesso das informações agora era dividido com o povo.Algumas cabeças perceberam que o povo era em potencial um excelente mercado para a recém indústria .Começaram a consumir cultura no entanto,povo e burgueses não partilhavam do consumo da mesma cultura. Foi criada a partir da cultura local,uma cultura de massa e para criá-la foi preciso destruir a cultura local e incorporar algumas partes dos destroços ao novo sistema.Nessa transformação para cultura de massa,a cultura tradicional passa pelo crivo ideológico, fazem uma seleção que ao povo não é nada compensadora: utilizam a casca e jogam o conteúdo em uma vala escura. Assim há uma formação de uma sociedade que não entende sua cultura e não consegue se reconhecer nela.A cultura é a estrutura que dá a possibilidade da dialética código/existência através da troca de informações entre os dois níveis a analise do real e da criação,quando não há entendimento da realidade surge seres próprios para o consumo e incapazes de mudar ou decidir o rumo das ações,não são agentes ativos e sim passivos.

Estar condicionado a seguir ídolos e imagens sem saber a origem dos seus discursos e não ser capaz de compreender seus conteúdos é amputar uma parte da identidade individual,um passo para ser transformado em um boneco de manipulação que segue as cartas de acordo com os interesses das grandes empresas e governos que com a ajuda das publicidades bancadas por eles mesmos moldam o caráter coletivo de vários grupos sociais.Não saber o porque das decisões tomadas é perder a chance de fazer parte da historia real e tornar-se apenas um peão no jogo de xadrez.Deixar a vida de um reino todo nas mãos de um único que mexe as peças ...em quanto isso,as peças só rezam para continuarem vivas... e que vida é essa?!

(Dine)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em casa

Para Ariadne.

Agora será bem mais fácil preparar o almoço. Colocaram vidros no basculante da cozinha, o vento não mais apagará o fogo das panelas. Dona Lúcia sorri aliviada, uma economia e tanto, o gás nunca durava o mês inteiro com o acende-apaga das bocas do velho fogão. Dia 20 e já estava ela comprando botijão de gás fiado na quitanda de seu Morais. Dinheiro só no fim do mês. Professora da rede estadual de ensino, mil quinhentos e setenta e cinco reais. Isso antes que se descontassem todos os empréstimos (que não eram poucos), as tarifas do cartão de crédito e as variadas taxas que seu banco sempre cobra. O que sobra é para o básico: alimentação e escola das “crianças”.

Nada de supérfluo, nem mesmo a uma calça nova dona Lúcia se dava ao luxo. Aqui, acolá uma pizza com a família: um menino, uma menina, o marido. Hoje dona Lúcia acordou esmorecida, a tontura de sempre, labirintite. Lavar as roupas, fazer comida, mandar o filho ao mercado comprar alguma verdura, visitar o sobrinho de um ano (casa ao lado). A rotina. E o zumbido no ouvido, as pernas cambaleantes, leve desorientação espacial. “Mas ela é forte!”, pensam os filhos adolescentes. “Traga aqui um café, Lucinha”, grita o marido, em frente à TV, pés sobre o raque ( cinco prestações de vinte e nove e noventa e nove). E ela, já deitada na rede, levanta-se. Quase uma Amélia. Chaleira fervendo no fogo, pó de café. Uma água preta e quente descendo através do coador de pano já gasto.

Os quartos ainda por arrumar, as garrafas de água na geladeira ainda por encher, os banheiros sujos. Os filhos ajudam pouco, ajudam muito pouco. Desde que sua empregada doméstica a colocara na justiça (“quero meus direitos! Dezesseis mil”), dona Lúcia decidiu abrir mão de qualquer diarista, fosse ela quem fosse. A irmã de dona Lúcia ligara semana passada. Uma menina boa ela tinha conseguido para trabalhar na casa de Lucinha. Evangélica, não gostava de folia e sabia respeitar bem os patrões. Saída do interior do Maranhão. “Não, mulher. Os meninos estão se organizando mais, eu já nem me esforço muito”, mentia dona Lúcia. A vida para ela , na rua ou em casa, sempre fora assim: um jogo de esconde e mostra.

*ps.: nesses dias de ócio, até um conto ( de qualidade duvidosa) saiu e, em nome da boa companhia que vc sempre é, resolvi te dedicar.

(Lucas Coelho)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Universo paralelo nenhum
me traduz tão bem
tal qual teu abraço
ou riso desmedido

Nenhum modelo
desses de vitrine
esses mesmos,
pré estabelecidos
felicidades compactas
que cabem em uma caixinha
elas não preenchem
nem um triz dos nossos corpos

Essas roupas e disfarces
produzem cenas cômicas
à sete chaves,
onde tudo é permitido
Me permito esquecer todo
o faz de conta e não há espaço
ao meio termo

À sete chaves,
me dispo do que não sou
e permito você ser
mais que pele
Permito sermos
muito mais que reflexos de
termos durkheimianos
esquecemos os mitos
os livros
os ensinamentos academicos
ou valores sociais
somos transparentes
somos dia,
somos noite
e na boca:
Amor não falado
mas,
sentido em todos os poros
(Dine)
Ontem - lance louco - normal
Fechei, os olhos era dia
Espirrei,era noite
sonhos intranquilos
Hoje - lance louco - surreal
Virei poema
Roupa nova no varal
Fim do trilho,
batalha naval
bem ou mal
que diferença faz?
virei rio
virei vento
segui rastros
percorri mares e ares
Amanhã - lance louco - legal
sou tudo e não tenho nome
sou leve e não devo nada
sou só sentidos
seguindos a direção - diferencial
(Dine)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Globarbarização
Mantos de diminutas ideologias
cobrindo e velando o sono do mundo
e enquato ele dorme:
pesadelos no cotidiano.
(Dine)

Hollywood

cria o mundo

sua imagem e semelhança

e quem não segue
o script ,
vira fantasma em filmes classe C

Cinema da estética
Hollywood faz um
mundo de efeitos especiais
e enlouquece a realidade,
que tenta alucinada ,
reproduzir no cotidiano
cenas de filmes

O mundo caricatura
mundo circular
o cinema imita a vida
a vida imita o cinema
todo mundo espelhando -se
no outro e o outro não diz nada!
(Dine)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Quase ninguém percebe:
os contos de fadas
não refletem nos espelhos

Nos vários quadros sociais pintados
as imagens formadas são cenas vivas
sem memória
não sabem sua origem
e nem de onde vem a noite
com suas lendas e
histórias que parecem alucinações

- No fundo?

-Contos reais de séculos passados
adormecidos e entorpecidos pelo
tempo]
(Dine)

sábado, 11 de dezembro de 2010

A humanidade vive bailando
em uma realidade
de paradigmas amordaçados
e apagados pelos séculos

Se pisa em pontas de ice bergs
sem notar a raiz de cada
traço que compõe a imagem que observam

A sociedade está toda
empoeirada e pensa
ser totalmente pós-moderna

Ela está mofando
com suas grades
sacadas escondidas em
uma caixa de pandora inversa.
(Dine)
Teresina
explodindo
em gritos
de silêncio
muito
barulho
por nada !!!


(Dine)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TRANSCENDÊNCIA

Atalho para o universo?




- Céu da boca !

(Dine)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vamos fazer da vida algo pulsante e sagaz
vamos fazer dela
algo que não se espante com as grades
em vez disso:
criar asas pra não se prender
a nenhuma armadilha ideológica
implantada por quem quer assumir o poder
Vamos desacreditar nos muros
derruba-los (ou não)
ignorar sua existência a tal ponto
que possamos passar por dentro deles
como se eles fossem apenas fumaça
Vamos tornar ilegítimo e inacreditável
qualquer forma de dominação
que nos tire a liberdade
Sem contratos sociais que
os únicos beneficiados
são os que não merecem
Vamos fazer da vida algo pulsante e sagaz!
Dine
Falaram da minha roupa
do meu cabelo
da minha língua
do nó seco e cego
na garganta
mas o que eles nunca falam
é do que vêem toda vez que
refletem na frente de um espelho.
(Dine)